sábado, 4 de abril de 2009

A palavra Destino



Deixai vir a mim
a palavra destino.

Manhã de surpresas, lascívia e gema.
Acasos felizes, deslizes.
Ovo dentro da ave dentro do ovo.
Palavra folha flor.

Deixai vir a mim a palavra
e seus versos, reversos:
metamorfose,
metaformosa.

Deixar vir a mim
a palavra pão-de-consolo.
Livre de ataduras, esparadrapos,
choques elétricos
e sutis guardanapos da morte
após gorjeios em seco engolidos socos.

Deixar vir a mim
a palavra intumescida pelo desejo.
A palavra em alvoroço sutil, ardil
e ave na folhagem estremecida entre a palavra.
A palavra entre o som
mas entre o silêncio do som.

Deixai vir a mim
a palavra entre homem e homem.

E a palavra entre homem
e seu coração posto à prova
na liberdade da palavra coração.

Deixai vir a mim
a palavra destino.

Lindolf Bell
In ‘Código das Águas’

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